quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Psicologia: Ciência e Consciência

A psicologia tornou-se ciência no séc XIX, em 1879, no mesmo ano em que o fisiologista alemão Wilhelm Wundt, divulga para o mundo seus experimentos naturais, feitos em seu primeiro laboratório na Universidade de Leipzig, Alemanha.

Anteriormente a psicologia era estudo e tutela dos Teólogos e dos Filósofos. Tratava-se de uma abordagem “psico-filósofo”. O objeto de estudo da filosofia era a alma. Para haver a transição da psicologia para a ciência, foi necessário separá-la da filosofia e da teologia. Para isso Wundt escolheu um objeto de estudo específico: A consciência.

Depois disso a psicologia começa a criar status e torna-se a Nova Psicologia, ganhando conhecimento científico.

Wundt resumia seu estudo à consciência. Aplicando suas técnicas de fisiologia em suas experiências. Em sua concepção a consciência divide-se em várias partes ou possui características distintas podendo ser estudada através de análises. Ao contrário dos empiristas e associacionistas britânicos, o fisiologista não enfatizava os elementos em si, mas o processo de organizar ou sintetizar, esses elementos. A consciência era ativa e deveriam ser estudadas suas estruturas isoladamente, para fornecimento do inicio dos processos da mente. Sem os elementos, nada haveria para a mente organizar.

Segundo Wundt, os psicólogos deveriam ocupar-se do estudo da experiência imediata, e não da mediata. A experiência mediata nos oferece informações ou conhecimento sobre coisas que não os elementos da experiência em si. Essa é a maneira usual pela qual a empregamos para adquirir conhecimento do nosso mundo. Por exemplo, quando olhamos uma maça e dizemos: “A fruta é vermelha”, essa afirmação implica que o nosso interesse primordial é a fruta, e não o fato de passarmos pela experiência do vermelho. A experiência imediata de olhar para a fruta, contudo, não está no objeto em si, mas na experiência de uma coisa vermelha. Para Wundt, são as experiências básicas (como a experiência do vermelho) que formam os estados de consciência ou os elementos mentais que a mente então organiza ou sintetiza. Acreditava – se que Wundt queria fazer a “tabela periódica da mente”, assim como o químico Dimitri Mendeleev criou a tabela periódica dos elementos químicos.

Para Wundt uma das formas de se obter resultados de experiência do consciente seria através da introspecção do individuo com suas experiências e a observação das mesmas. A introspecção é um auto exame do estado mental. Wundt denominava “percepção interior”. Mas a introspecção não foi criada por Wundt, ela remota desde Sócrates, a inovação ficou por conta da aplicação do controle experimental preciso às condições da introspecção. Funcionava da seguinte forma: (1) o observador deve ser capaz de determinar quando o processo pode ser introduzido; (2) ele deve estar num estado de atenção concentrada; (3) deve ser possível repetir a observações várias vezes; (4) as condições experimentais devem ser passíveis de variação em termos de manipulação controlada dos estímulos. Esta última condição invoca a essência do método experimental: variar as condições da situação-estímulo e observar as modificações resultantes nas experiências do sujeito.

De acordo com Wundt, o problema da psicologia era tríplice: (1) analisar os processos conscientes até chegar aos seus elementos básicos; (2) descobrir como esses elementos são sintetizados ou organizados; e (3) determinar as leis de conexão que governam a sua organização. Mediante um laborioso procedimento de introdução de variações na velocidade do metrônomo e de meticulosas introspecções, registrando suas experiências conscientes imediatas (suas sensações e sentimentos), Wundt descobriu três dimensões independentes do sentimento: prazer-desprazer, tensão-relaxamento e excitação-depressão. Todo sentimento, afirmou ele, pode ser localizado em algum ponto desse espaço tridimensional.

Apesar de sua ênfase nos elementos da experiência consciente, Wundt reconhecia que, quando olhamos para objetos no mundo real, vemos uma unidade ou síntese de percepções. Wundt postulou a “apercepção” para explicar experiências conscientes unificadas. Designou o processo real de organização dos vários elementos numa unidade como o princípio da síntese criativa ou a lei das resultantes psíquicas. As várias experiências elementares são organizadas num todo por esse processo de síntese criativa, que afirma, essencialmente, que a combinação de elementos cria novas propriedades. “Toda combinação psíquica tem características que não são de modo algum a mera soma das características dos seus elementos” (Wundt, 1896). A partir da síntese dos componentes elementares da experiência é criado algo de novo. A apercepção é um processo ativo. A mente não recebe de modo passivo a ação dos elementos da experiência; em vez disso, age sobre eles na síntese criativa das partes para constituir o todo.

Wundt não conseguiu popularidade nos Estados Unidos. Sua psicologia era uma ciência acadêmica pura, e só pretendia ser isso. Wundt não tinha nenhum interesse em tentar aplicá-la a questões de ordem prática. Existem muitas controvérsias quanto ao experimento da introspecção, por exemplo, quando ela é feita por diferentes pessoas apresenta resultados distintos, como decidir quem tem razão? A introspeção é um experiência particular. Contestou-se na época a preocupação dos envolvidos nas experiências acabarem prejudicando seus próprios juízos e levando-os a loucura. Graças aos seus esforços de Wundt e outros colaboradores, a psicologia já não era mais um estudo da alma, mas um estudo realizado por meio da observação e dos experimentos, de certas reações do organismo humano não incluídas no objeto de estudo de nenhuma outra ciência: A consciência.

A consciência é a experiência imediata. Porém antes de haver consciência, preciso passar pela sensação. E quando eu tomo consciência do que estou sentindo eu passo à percepção. Perceber é a consciência do que sinto. A sensação é a mesma, mas a percepção é diferente. Tudo que eu faço, por mais similar que seja, é uma experiência única. Acordar, escovar os dentes, andar, tomar banho, ate mesmo ver. Tudo tem uma experiência diferente, uma perspectiva diferente. Este saber é a Nova Psicologia.

Referências:

SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. SP, 2001.

http://psicologiadeluxo.blogspot.com/2009/06/nova-psicologia.html

1 comentários:

Unknown disse...

Muito bom!

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